terça-feira, 5 de outubro de 2010

A Cara das eleições



crédito: movaut


"Ó Deus que mundo é esse, onde os loucos governam os cegos (Shakespeare)

As eleições no Brasil estão de mal a pior, obrigado. É cada vez nítido que a democracia representativa, não apenas no Brasil como no mundo em modo geral, passa por uma crise de identidade que poderá cedo ou tarde comprometer o seu futuro. A crise da representatividade é o reflexo da falta de legimidade dos políticos profissionais e a falta de perspectiva dos eleitores de transformar a sua realidade.

Os partidos políticos são instituições burocráticas que visam apenas a conquista do poder de estado e, são antidemocráticos em sua própria estrutura. Então cabe a seguinte pergunta: Por que votar? O voto obrigatório é democrático? Qual a razão da existência dos partidos políticos?


Infelizmente, a ideologia que sustenta a democracia burguesa afirma que o parlamento é um local de lutas e debates e que através do voto, o eleitor pode fazer a diferença, será mesmo?
Essa foi a maior mentira criada para fortalecer a manutenção do sistema capitalista.

Primeiro, por que as grandes mudanças que existiram na sociedade no século XX, não foi por meio da atuação do parlamento, e sim das lutas praticados pelos setores marginalizados da sociedade como os operários, as mulheres, os negros que aos poucos foram cooptados e corrompidos para atuar no sistema parlamentar. Inicialmente, esses setores tiveram beneficios quando foram incorporados no sistema, no entanto, acabaram se transformando em orgãos burocráticos e desta forma, afastaram de qualquer perspectiva de transformação que antes caracterizavam esses movimentos. A burocratização contribuiu para a despolitização e imobilização da sociedade.


Segundo, o parlamento é local de poder de grupos minoritários onde a maioria não tem voz e nem vez, a não ser por meio do voto. Os partidos de "inspiração socialista" ainda tentam aumentar a participação popular criando instrumentos que a principio serviram para contrapor a democracia burguesa, mas que não passam de mecanismos para a sustentação do poder desses partidos. No momento em que os trabalhadores buscam alternativas autonômas, o "representantes populares" tentam de todas as formas frear esse tipo de atuação para não perderem a sua influência nos movimentos sociais.


Terceiro, o parlamento é antidemocrático por essência:

1) Para atuar no parlamento necessita de dinheiro e /ou de fama,
2) Todos os partidos políticos são altamente burocráticos e os setores populares para poder se representar necessitam aos orgãos que aparentemente os defendem como os sindicatos,
3) Há um forte lobby dos setores economicamente privilegiados que impedem a participação popular,
4) O sistema favorece a corrupção, que é a regra e não a exceção,
5) os representantes não representam os representados, representam os seus grupos que vão desde o empresariado até a burocracia sindical.

A única diferença de uma ditadura e uma democracia em uma sociedade capitalista é que a primeira a política se restringe apenas a classe dominante e, a segunda é restrita para as massas. Ou seja, a ditadura em uma sociedade capitalista surge quando há uma crise institucional que ameaça o poder da burguesia. A democracia representativa serve para atender algumas demandas de "grupos oprimidos" que são facilmente cooptados e corrompidos para a atuar no sistema parlamentar e, desta forma serve para impedir o desenvolvimento de ações autônomas por parte da classe trabalhadora.


No Brasil, as eleições estão polarizadas em dois partidos:

O PT, um partido social-democrata que realiza um governo neoliberal de esquerda, isto é, aumenta a participação do estado na economia, mas não para atacar as causas nefastas do neoliberalismo, mas atacar apenas diminuir os seus efeitos. De fato, existe uma forte "parceria" público-privado, que nada mais é que uma privatização camuflada. O lulismo se caracteriza pelos programas sociais que impulsionaram o mercado interno, o aumento do salário real do trabalhador em especial dos setores públicos por meio de uma política macroeconômica estremamente conservadora.

O PSDB, só tem o nome de social-democrata, é um partido fortemente ligado ao neoliberalismo que se diferença do lulismo apenas na forma de condução. Defende a privatização mais acelerada das empresas estatais, é a favoravel a diminuição da presença do estado da economia assim como a máquina pública e "o aparelhamento do estado", isto é, congelamento de salários dos servidores públicos, menos investimentos em saúde, educação e outros serviços públicos.


Diante dessa quadro, o que pode se esperar é que independentemente do governo eleito não haverá mudanças. Dilma representa a continuação do governo Lula, mas ainda não se sabe o que se esperar dela. É bem provável, que tentará manter a mesma forma de atuação do governo Lula, mas será que terá a mesma habilidade do antecessor? Será que a economia estará segura as crises econômicas? A interferência do estado na economia será suficiente para que elas sejam evitadas? Será que a parceria do setor público e privado na economia terá força?


Serra por outro lado, mesmo se for eleito, terá que manter o assistencialismo que impulsionou o mercado interno caso não queira ter problemas, mas será que ele vai seguir isso a risca? Será que ele terá forças suficientes para elaborar o programa de seu partido? Será que ele vai tentar reeditar o período FHC, já que na atual conjuntura, as políticas neoliberais mais "autênticas" representariam um retrocesso e que pode impulsionar uma grave crise econômica? E como será a sua relação com os servidores públicos?


E a candidata Marina Silva representa mudanças? É claro que não. Tão falso como o discurso ecológico "políticamente correto" e ilusório "como capitalismo ecológico" onde ONGs aventureiras que a apoiam estão de olho para ganhar dinheiro na Amazônia, na qual lutam-se pela criação de parques ecológicos para "diminuir" a devastação e "preservar" a Amazonas, ou seja, nada mais que operar uma privatização da floresta amazonas, adotando um discurso semelhante ao do ex-vice presidente dos Estados Unidos, Albert Al Gore. Todavia, tanto o PT quanto o PSDB apresentam o mesmo programa em relação a Amazônia. Como diria Raul Seixas, a Amazônia é o jardim do quintal dos gringos.


Essa é a cara das eleições e nem duvide que a qualquer momento o PT e o PSDB inimigos hoje possam ser aliados amanhã, ou mesmo não, afinal políticos são todos iguais só que uns são mais iguais que os outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário