quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A demissão de Maria Rita Kehl e o papel da mídia



crédito: Terra Magazine

A psicanalista Maria Rita Kehl foi mais uma vítima por parte dos grandes meios de comunicação, ligados ao candidato a presidência da república José Serra, por manifestar sua opinião através do artigo intitulado dois pesos duas medidas no jornal Estado de S. Paulo em que ela critica a opinião pública por desqualificar o voto dos setores mais pobres em apoiar o governo Lula, devido aos programas sociais que tiraram milhões destes da situação de miseralibilidade.

O que aconteceu com ela? Foi demitida sumariamente! E ao que tudo indica por pressão de José Serra, que já operou outras demissões e afastamentos de jornalista na TV Cultura, como foram os casos Gabriel Priolli, Herodoto Barbeiro e outros jornalistas que realizarem várias matérias críticas sobre a gestão tucana no Estado de S. Paulo.


Quem tem acompanhado ultimamente sabe que a TV Cultura está em um caos generalizado, em razão do desmonte público realizado pelas sucessivas admistrações tucanas, que operam uma verdadeira privatização no canal. Os funcionários sofrem com essa situação através da precarização do trabalho, dos reajustes salariais, assédio moral e outras modalidades que todos os trabalhadores assalariados conhecem.


Os meios de comunicacão de modo geral, estão sempre a serviço do capital e dos políticos profissionais que mais se identificam em defesa do sistema capitalista. É claro que o governo Lula não é nenhum governo anticapitalista (é óbvio!) e nem mesmo chega a realizar uma política social-democrata, mas o fato de um ex-operário ter saído de uma posição de miséria e que atualmente ocupa espaços na "democracia representativa" cause arrepios a classe dominante e setores fascitóides de classe média como uma "ameaça ao
establishment" .

Na democracia representativa, os pobres de modo geral, geralmente apoiam candidatos que realizam programas assistencialistas que ofereçam algum tipo de vantagem e é essa a razão da grande popularidade de Lula. Pode criticar o assistencialismo, mas diante de uma sociedade que ainda carrega a marca da escravidão, qualquer tipo de apoio melhora as condições de vida da população. De nada adianta criticar o governo por denúncias de corrupção e pregar "a ética na política", a essência da democracia representativa é a corrupção que envolvem todos os partidos políticos. Estes por sua vez, são orgãos burocráticos que apresentam discursos diferentes, mas na prática operam igualmente com os seus pares. A ética na política só poderá ser concretizada quando a democracia representativa deixar de existir.


Lula sofre oposição por parte dos grandes meios de comunicação, por uma simples razão: a mídia perdeu o lugar de ser a porta-voz que mediava os interesses da classe dominante como se fossem os interesses de todos. Hoje esse espaço está sendo ocupado pela burocracia sindical, dos partidos políticos de inspiração social-democrata e outras organizações burocráticas que "representam" interesses de grupos minoritários como os movimentos feminista, negro, de homossexuais , e outros. Maria Rita Kehl apenas expressou a opinião da camada ascendente no governo Lula, e por isso foi punida, pois o jornal está favorável e a serviço da candidatura de José Serra.


Todavia, é necessário lembrar que, apesar de Lula e os seus apoiadores, criticarem a grande imprensa, pouco se fala que foi durante o seu governo, que se mais reprimiu rádios e canais de Tv comunitários. Na Venezuela, o governo Chavez ,usa e abusa desses instrumentos para contrapor a mídia privada para garantir o seu poder. As rádios e TV comunitárias tem uma autonomia bastante limitada, pois caso eles sejam utilizados pelo povo e para o povo e que ameaçam o poder, seja ele dos setores privados e também do próprio estado, o governo simplesmente corta o sinal e/ou oferece certas "vantagens", cooptando os ativistas mais radicais para poderem continuar com as suas transmissões.


Os meios de comunicação só poderão ser democraticos se estiverem sob o controle público. Não poderá ter nem interferência privada e nem estatal. O controle deverá ser de todos sem a necessidade de orgãos burocráticos que limitam a participação popular. Caso contrário, a liberdade de expressão será apenas usada e apropriada por esses mesmos grupos que em nome da "liberdade de imprensa" utilizam-se de mecanismos manipulatórios para manter o seu status quo. A liberdade só existe entre iguais.




Nenhum comentário:

Postar um comentário