sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Até tu, Fidel?


Fidel pseudomarxista

crédito idiotices.net


Quem diria, que até o ex-líder cubano Fidel Castro, constatou o óbvio. O sistema cubano já não serve mais. O estatismo de inspiração bolchevique comprovou a maior mentira inventada no século XX, a existência do socialismo.

Embora a Revolução Cubana tenha despertado muitos sonhos da geração da juventude latino-americana dos anos 60 e 70 na luta contra o "imperialismo norte-americano", em razão das reformas sociais, como a reforma agrária e urbana, a expansão do sistema educacional e de saúde, empreendidos pelo governo castrista e que rendeu popularidade ao líder e admiração em "setores da intelegentsia de esquerda", especialmente a latino-americana, esconde por um lado que em Cuba desde a tomada de poder em 1959, existe um verdadeiro capitalismo estatal onde a burguesia é o próprio estado.


Por qual razão Fidel Castro tem grande admiração, mesmo sabendo dos seus métodos autoritários?


Em primeiro lugar, desde a revolução russa de 1917, em que o partido bolchevique liderado por Lênin, deu um golpe de estado para assumir o poder, e instaurar o capitalismo de estado, os partidos comunistas de inspiração bolchevique, começaram a empreender uma luta dentro do parlamento contra o imperialismo estadunidense e defender propostas nacionalistas em cada país para chegar o "socialismo". A luta de classes se transformou numa luta contra o império estadunidense. Cuba foi o primeiro país latino-americano a conseguir tal êxito, embora o partido comunista nem "existisse" na ilha e, Fidel tampouco poderia ser denominado de "marxista".


Em segundo lugar, os programas sociais (reforma agrária, sistema educacional e de saúde gratuídos) iludiram a maior parte da juventude esquerdista nos anos 60, que aquele seria o caminho ideal para o projeto de libertação nacional.


Em terceiro lugar, a radicalização dos jovens e a luta de classes nos países latinos-americanos deram origem as ditaduras militares patrocinadas pelos Estados Unidos, que contaram com o apoio dos setores mais conservadores da sociedade. O episódio mais emblemático foi o golpe de estado no Chile desferido por Augusto Pinochet, que interrompeu uma série de reformas no governo de Salvador Allende que levaria ao país ao "socialismo". Curiosamente, o golpe de estado no Chile contou com o apoio "socialista" da China de Mao-Tse-Dung e da União Soviética, de Leonid Brejnev. Fidel por um lado, ficou isolado para dar apoio a Allende que foi esmagado pelas balas fascistas de Pinochet.


Nessa época, vivia-se o terror da guerra fria onde o mundo era divido em dois blocos: pró-Estados Unidos e pró-soviético. Duas potências que tinham dois modelos de desenvolvimento capitalista diferenciados. A estadunidense de capitalismo privado-misto e, a russa de capitalismo estatal que ficou conhecida falsamente como socialista.


Até o fim da guerra fria, Cuba parecia um "exemplo" a ser seguido pelos países latino-americanos em sua luta pela "libertação nacional" contra o imperialismo norte-americano, mas poucos ignoravam a fortíssima influência soviética na ilha, desde que o "libertador" Fidel Castro para provocar os Estados Unidos, em resposta aos sucessivos bombardeios na ilha, praticados pelos mercenários cubanos de Batista com ajuda dos yankes, concedeu aos russos que instalassem mísseis em seu território a 200 km de Miami. A crise dos mísseis quase resultou na terceira guerra mundial.


Fidel Castro e o primeiro ministro soviético Nikita Krushchev

A forte influência soviética marcou definitavamente a economia cubana e o poder de Fidel Castro, sem a qual não teria existido. O curioso é que sete anos antes do inicio do processo revolucionário em Cuba, o movimento de 26 de julho no famoso assalto da Moneda, Fidel era apenas um desconhecido pela maioria da população e, dentro do movimento havia lideranças como mais prestígio entre as massas como Frank País e René Ramos Latour que tinham grandes diferenças com Fidel Castro, mas que se transformaram em "martíres da revolução". No entanto, a histografia oficial mostra que o movimento 26 de julho era apenas em torno da liderança de Fidel Castro. Deve ser destacado, que os Estados Unidos inicialmente deram apoio ao movimento, sem saber que esse apoio se voltaria contra ele.


Após a consolidação do poder de Fidel Castro, diversos personagens ficaram marginalizados por não se submeterem a sua liderança, como o jornalista Carlos Franqui, que antes mesmo do triunfo da revolução, já notara o perfil autoritário de Castro. Franqui morto recentemente, em seu livro Revolução Cubana Mitos e Realidades, afirmou que a maioria dos intelectuais que defendem o regime cubano, não passam de bobos da corte seduzidos pelo poder, como o escritor Gabriel García Marques, famoso pela amizade com o líder cubano. Segundo Franqui, a maioria do movimento lutava contra a subordinação americana, mas também lutava contra o subordinação soviética. Comunista convicto, Franqui deixou a ilha, quando o governo cubano apoiou a invasão da União Soviética a Tchecosláquia, em 1968.


Livro de Carlos Franqui
Cuba, la revolución
¿mito o realidad?

Há outros casos que mostram como o governo cubano era tão subordinado ao poder soviético. Em 1976, a Argentina iniciava a mais feroz ditadura de sua história e curiosamente o Partido Comunista local dera apoio ao golpe e o partido serviu de ponte para Cuba, que por sua vez, serviu de escala para a União Soviética que estava interessada em aumentar as relações comerciais com o país platino. Entre 1976-1982, Argentina e União Soviética mantiveram relações comerciais bilaterais mediadas por Cuba e durante a Guerra das Malvinas de 1982, a junta militar argentina, teve que recorrer ao líder cubano, para receber apoio na louca aventura bélica contra a Inglaterra, que acabou consolidando o triunfo britânico e o fortalecimento de Margareth Tchatcher no cenário internacional.


Outro mito que se esconde é em relação ao embargo comercial imposto aos Estados Unidos. Na verdade o que há, é um lobby de proprietários cubanos instalados em Miami, muito deles pertencentes as antigas elites, que obriga o governo estadunidense a realizar o embargo. No entanto, o embargo apenas solidificou a figura de Fidel na ilha. Mesmo porque é muita tolice acreditar que um grupo enclausurado no poder largará facilmente depois de sua suspensão. Os problemas de Cuba são mais internos do que externos, pois não pode ser ingênuos ao ponto de acreditar que 13 % de seus habitantes que vivam fora do país, a maioria delas sejam conspiradoras "imperialistas". Além disso, o embargo econômico serve para os dois lados, pois a suspensão do embargo provocaria uma revolta da população e ameaçaria qualquer forma de governo seja ele por eleições parlamentares ou por partido único.


Ou seja, Cuba optou pelo caminho do fracasso que é o estatismo. Não se sabe até quando Cuba poderá sustentar um governo autocrático que se utiliza de "alguns mecanismos democráticos" (em Cuba há eleições locais) para se consolidar no poder e todas as alternativas são péssimas. O neoliberalismo pode desenvolver alguns setores, mas produzir misérias ou optar pelo capitalismo chinês que é talvez o mais selvático do mundo. É só acompanhar as greves que pipocam a cada dia onde os trabalhadores são praticamente escravizados, e que no futuro poderá representar uma ameaça a China. Cuba precisa de outra revolução sim, mas desta vez, sendo que os próprios trabalhadores sejam os protagonistas e parar de venerar falsos ídolos, pois como dizia Bakunin: a fé absoluta que um povo credita em um homem transforma em um escravo estúpido.


Fidel apenas constata o que muitos marxistas autênticos anti-partidários (que Lênin qualificava de esquerdistas infantis) já denunciavam: o Estatismo não passa de um capitalismo de Estado. O Estado socialista não passa de uma invenção criada pela burocracia partidária social-democrata e radicalizada através dos bolcheviques. Engels já alertara antes da II Internacional, que deu origem aos partidos operários, de não confundir socialismo com estatização, pois essa confusão pode gerar nada mais em uma criação de um "capitalismo coletivo real".


O fim de Estado de partido único morreu e o século XX apenas comprovou que todas tentativas de mudanças após a tomada de poder (de cima para baixo) fracassaram e todas as formas de governo também. Tolos ou ingênuos são aqueles que acreditam que partidos políticos sejam eles vanguardistas ou de massas impantará o socialismo. Deixem os bobos falarem a vontade porque no futuro ninguém vai precisar deles.



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