segunda-feira, 26 de julho de 2010
A COPA DA ÁFRICA DO SUL, O APARTHEID, E O BRASIL
A África do Sul foi o primeiro país do continente africano a sediar o mais importante evento esportivo, depois de vinte anos da libertação de Nelson Mandela, que pôs fim ao regime de segregação racial, conhecido como apartheid.
A Copa do Mundo de 2010 foi uma grande estratégia de marketing do governo sul-africano com a colaboração da Fifa para promover a nova imagem do país, que apesar das dificuldades enfrentadas no seu cotidiano, em decorrência do passado recente, já tinha dado grandes passos para a democracia, em que as diferenças raciais estariam diminuindo.
No entanto, os meios de comunicação que realizaram uma boa cobertura e foram conhecer a realidade sul-africana acabaram desfazendo esse mito e, comprovaram que a herança do apartheid ainda persiste. São os casos dos condomínios fechados com características de cidades pequenas distribuídos em todos os cantos do país, onde os brancos (afrikanners) vivem separados e que os negros são proibidos de entrar.
A realização do torneio deixou desapontada boa parte da população, que antes do mundial, estava iludida com a possibilidade de desfrutar a festa do futebol. Quem de fato, fez a festa foram os mesmos de sempre, as multinacionais patrocinadoras, as empreiteiras que como sempre atrasam obras para obter mais dinheiro do governo, os políticos corruptos, os empresários locais e a redes hoteleiras. E o país? Obviamente faturou bastante durante a competição, através da criação de postos de trabalho temporários, mas o que restará de legado a população?
A África do Sul mostrou além da pobreza que vive a maioria dos seus habitantes, uma péssima infra-estrutura em relação aos meios de transporte, tanto que os deslocamentos realizados para sair dos centros urbanos até aos estádios duravam em média três horas, ou seja, os eventos eram feitos em locais distantes da maioria da população. Esse fato refletiu a ausência de torcedores em alguns setores das arquibancadas durante algumas partidas do mundial em que a Fifa em vão tentou esconder.
Os altos preços dos ingressos e a falta de organização contribuíram também para afastar não apenas os torcedores sul-africanos, mas também a colônia de nigerianos que vivem na África do Sul. Basta recordar o trágico desfecho que houve durante a partida entre a Nigéria X Coréia do Norte, amistoso disputado no país, em que milhares de torcedores ficaram feridos em decorrência da superlotação no estádio.
Além disso, foram registrados diversos casos de violência contra os turistas locais e estrangeiros, a entrada de muitos visitantes sem permissão de viajar fora do país de origem, como os barrabravas argentinos (torcida violenta), as greves de funcionários e de seguranças dos estádios que foram reprimidos severamente pela polícia, e também a falta de organização desde a falta de ingressos até a falta de estrutura nos meios de comunicação.
Daqui há quatro anos, o Brasil será a sede da Copa do Mundo e apresenta os mesmos problemas que a África do Sul enfrenta e para piorar nem começou a se programar para o evento, sinal que a organização será feita do mesmo modo que se viu no país africano.
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