quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O Lixo cultural: A música que é a cara do Big Brother


Começou a 11º edição do Big Brother Brasil, e nada mais justo em dedicar uma canção a esse lixo cultural. A música é La grasa de las capitales do grupo argentino Serú Girán.




La grasa de las capitales

Charly Garcia)

¿Que importan tus ideales
que importa tu canción?
La grasa de las capitales
cubre tu corazón

¿Por qué tenes que llorar?
Es que hay otro en tu lugar que dice:
¡"Vamos, vamos, la fama!
la oportunidad está aquí",
lo mismo me pasó a mí, lo tienes
todo, todo y no hay nada.

A buscar el pan y el vino
ya fui muchas veces
a sembrar ese camino
que nunca florece, no transes más.

Con la cantina, con la cantora
con la T.V. gastadora
con esas chicas bien decoradas
con esas viejas todas quemadas
gente re vista, gente careta
la grasa inmunda cual fugazzetta!

No se banca más!
La grasa de las capitales no se banca más.

Don't stop dancing, don't stop dancing

No se banca más!
La grasa de las capitales no se banca más.

O tema é homônimo do disco. A letra é uma sátira a revista Gente, uma famosa revista argentina que se tornou famosa por ter apoiado o regime militar na Argentina (1976-1983). A revista tinha conteúdo sensacionalista e retratava a vida e os valores do jet-set, alta sociedade (os emergentes) argentina.

A crítica inicia com o título La grasa de las capitales. Grasa em espanhol significa gordura, mas na Argentina, era um termo usado nos anos 40 e 50 para indicar as pessoas pobres, no entanto, a palavra começou a ser ampliada para designar as pessoas bregas, de mau gosto.

A partir de Serú Giran, a palabra grasa adquiriu o significado do mal gosto, o humor grosseiro, a exibição orgulhosa da idiotice coletiva, a baixaria. De modo geral, o desígnio grasa significa breguice, cafonice, superficialidade das pessoas que querem sair do anomimato. As revistas de entretenimento, como a revista Gente, cumpre o papel “importante” na divulgação das celebridades que não tem compromisso com nada.

A introdução é fantástica:

¿Que importan tus ideales?

¿Que importa tu canción?

La grasa de las capitales

cubre tu corazón.

Que importa com seus ideais e a sua canção se as celebridades cobrem o seu coração. A letra começa com uma provocação ao questionar os valores da vida e criticar os jet-sets.

¿Por qué tenes que llorar?

Es que hay otro en tu lugar que dice:

¡"Vamos, vamos, la fama!

la oportunidad está aquí",

lo mismo me pasó a mí,

lo tienes todo, todo y no hay nada.

Nesses versos, o autor mostra que revistas como Gente, retratam a vida como coisas superficiais e o que interessa é só ter fama e dinheiro e que tudo vai bem e, fora desse mundo não existe nada. Em seguida, a canção adquire um tom pessoal ao criticar as ilusões com a fama e os ídolos criados pela sociedade e, logo em seguida, ser destruídas por elas mesmas, em um verso que diz tudo “lo tienes todo, todo y no hay nada” você tem tudo e não tem nada.

A buscar el pan y el vino

ya fui muchas veces

a sembrar ese camino que nunca florece,

no transes más

O verso significa literalmente que a procura de pão e vinho já fui muitas vezes para semear esse caminho que nunca floresce, não vá mais. Isto é, o artista tem que procurar sempre fazer algo novo, porém a massificação destrói seu discurso que precisa constantemente se renovar para não se envolvido e liquidado por esses veículos de comunicação em que reina a mediocridade.
Em seqüência, uma voz robótica anuncia como uma propaganda de detergente essa seqüência.

Con la cantina, con la cantora,

con la T.V. gastadora

con esas chicas bien decoradas

con esas viejas todas quemadas

gente re vista, gente careta

la grasa inmunda cual fugazzetta!

A cantina se refere aos programas de culinárias no período da manhã. A cantora, os programas de auditórios, em busca de talentos femininos. Em seguida, mostra a suferficialidade da televisão que transforma tudo em algo descartável, isto é gastadoras. As chicas decoradas são as mulheres transformadas em objetos de prazer, as viejas quemadas, são as mulheres de meia-idade viciadas em tratamentos estéticos. E para finalizar ironiza a caretice dos "grasas" que fedem igual a uma gordura da marca de pizza fugazzetta.

Para se contrapor a cafonice eis os versos:

No se banca más! La grasa de las capitales no se banca más

Já não pode suportar apenas os grasas, mas a ditadura política argentina que os sustentavam. Esse era o recado de García!

E no final uma advertência para a juventude: Don’t Stop dancing!!

Uma crítica a disc music tão em moda na época que retratava o estilo musical de las grasas. O fenômeno da discoteca era considerado uma forma de alienação para os jovens, que abandonaram a constestação para preencher o vazio existencial por meio da diversão barata. As baladas atuais, regida pelas músicas eletrônicas se enquadram nesse perfil.

O que esta música tem a ver com o Big Brother? Tudo!

A mediocridade, a superficialidade, a cafonice, o narcisismo, a busca pela fama e pelo dinheiro. O anomimato da maioria dos ex-integrantes que passaram nesta casa. Enfim todo universo mediatico pautado pela idiotice coletiva que há trinta anos, Charly García já denunciava. A restrição ao talento e a liberação a mediocridade. E como ele mesmo dizia:

No se banca más! No se banca más!

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